O Mês de Janeiro parece continuar a tendência anterior de saída de vários artigos sobre O Menino Triste, e mais particularmente, A Essência, ao nível da imprensa.
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Assim, aqui vos deixamos mais um artigo, este agora publicado no Jornal de Letras, da autoria de João Ramalho Santos, onde, a propósito das edições nacionais aparecidas no FIBDA2008, se refere A Essência.
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Inspirações
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João Ramalho Santos – Jornal de Letras nº 999 - 14 de Janeiro de 2009
João Ramalho Santos – Jornal de Letras nº 999 - 14 de Janeiro de 2009
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Por alturas do Festival de Banda Desenhada da Amadora surgem sempre algumas surpresas editoriais mais ou menos inesperadas do ponto de vista de autores portugueses. [...]
Por alturas do Festival de Banda Desenhada da Amadora surgem sempre algumas surpresas editoriais mais ou menos inesperadas do ponto de vista de autores portugueses. [...]
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Mais interessantes revelam-se duas obras que até poderiam servir de mote para uma discussão em torno de como encarar a BD e, até, a criação artística, um tema comum a ambas. Isto no sentido em que são claramente obras à procura de leitores. Não não é um contra-senso. Há obras e eventos (e figurinhas) que buscam críticos, divulgadores e amigos (entusiastamente acríticos, de preferência), almas gémeas ou ofendidas. Categoria (em termos relativos) por demais abundantes na BD nacional, onde (como noutras coisas) as minorias não têm de ser mais solidárias ou menos variadas por o serem. O leitor atento e interessado é por isso uma categoria rara na sua transversalidade, e sem ele pouco sentido fazem as outras.
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Como já se disse noutras ocasiões, se fosse possível conceder um galardão a uma obra e autor que merecem reconhecimento mais alargado, O Menino Triste de João Mascarenhas apareceria no cimo da lista. A Essência (editado pela recém-chegada Qual Albatroz) surge como um prolongamento de trabalhos anteriores, uma reflexão simples e descomplexada (mas não superficial) sobre a origem da inspiração e a génese da arte; de como um autor vive e sublima múltiplas influências com diferentes origens e significados (a sua identificação é, como em Alan Moore ou Trondheim, um jogo que se propõe aos leitores). Subjacente está a angústia permanente em avaliar o resultado final (ou, pior ainda, a falta dele). O estilo caricatural muito contido de Mascarenhas, bem como a sua honestidade e capacidade para a gestão de silêncios, são fundamentais para que a meditação resulte sem parecer circular ou piegas. Fica apesar de tudo a sensação de que a essência do Menino Triste são reflexões curtas, momentos oníricos breves, pequenos poemas, e que o registo mais longo de A Essência (incluindo diálogos expositivos, e um final justo, mas previsível) não o favorece. No entanto, até pelo formato e qualidade da edição, é provável que seja este trabalho a fazer chegar o talento de João Mascarenhas a um maior número de leitores, desclassificando-o para o tal galardão de autor à espera de reconhecimento. Finalmente.
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Como já se disse noutras ocasiões, se fosse possível conceder um galardão a uma obra e autor que merecem reconhecimento mais alargado, O Menino Triste de João Mascarenhas apareceria no cimo da lista. A Essência (editado pela recém-chegada Qual Albatroz) surge como um prolongamento de trabalhos anteriores, uma reflexão simples e descomplexada (mas não superficial) sobre a origem da inspiração e a génese da arte; de como um autor vive e sublima múltiplas influências com diferentes origens e significados (a sua identificação é, como em Alan Moore ou Trondheim, um jogo que se propõe aos leitores). Subjacente está a angústia permanente em avaliar o resultado final (ou, pior ainda, a falta dele). O estilo caricatural muito contido de Mascarenhas, bem como a sua honestidade e capacidade para a gestão de silêncios, são fundamentais para que a meditação resulte sem parecer circular ou piegas. Fica apesar de tudo a sensação de que a essência do Menino Triste são reflexões curtas, momentos oníricos breves, pequenos poemas, e que o registo mais longo de A Essência (incluindo diálogos expositivos, e um final justo, mas previsível) não o favorece. No entanto, até pelo formato e qualidade da edição, é provável que seja este trabalho a fazer chegar o talento de João Mascarenhas a um maior número de leitores, desclassificando-o para o tal galardão de autor à espera de reconhecimento. Finalmente.
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2 comentários:
Lol !!!
Tás a ficar famoso e desclassificado!
(eheheheh)
Abraço
O artigo é elogioso, embora critique alguns aspectos da última aventura do MT.
Quanto à tal "desclassificação", já deve ter ocorrido há algum tempo.
Afinal, parece sempre ter havido pessoas a apreciar o MT e 2008 parece ter sido um ano excelente para ele.
Muito êxito em 2009!
Abraço.
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