17/11/14

PUNK REDUX (revisitado)

Arrumando o computador, (re)encontrei um trabalho realizado pelo Pedro Cleto, a propósito do livro PUNK REDUX. Aqui vos deixo tudo:



1.      Demasiado (?) elogiada por alguns, a autobiografia - também aos quadradinhos – tem que cumprir (pelo) menos um de dois pressupostos para ser interessante:

2.      O autor fez/viveu coisas interessantes ou…

3.      O autor conta o que viveu de forma interessante.

4.      (Há ainda – caso ideal! - a conjugação dos dois aspectos, quando o autor conta de forma interessante, algo interessante que fez/viveu).



5.      Em O Menino Triste – Punk Redux, João Mascarenhas recorda a sua primeira vista a Londres, no Verão de 1976, estava o movimento punk a dar os primeiros passos, o que faz dela uma BD que pode ser catalogada na categoria do autobiográfico…

6.      … mesmo que ao tom recordatório evidente, Mascarenhas acrescente igualmente momentos ficcionais e uma forte componente documental…

7.      … sendo que este último ponto transforma este álbum num caso único entre nós.

8.      A sua base, é evidente, são as memórias de Mascarenhas, aquilo que ele viveu durante um Verão em Londres…

9.      … mas o seu propósito vai mais além, pois pretende evocar as bases e princípios do movimento punk.

10. De forma empenhada e militante, é evidente – e não me parece que haja qualquer mal nisso – pois João Mascarenhas viveu de forma intensa, embora curta, aquele momento único, mas também com bastante lucidez, traçando uma imagem bastante nítida do que levou tantos jovens de então a desafiar – pela forma de vestir, sim, mas principalmente por palavras, atitudes e ideias – o conformismo, o cinzentismo, a falta de saídas, então existentes



11.  (E que em muitas questões não estão longe – ou estarão longe apenas pela dimensão mais global dos problemas – das que afectam os jovens europeus de hoje).

12.  A par disso, Mascarenhas, estabelece um paralelo com a situação – antagónica ou similar…? – que se vivia então em Portugal, na sequência da revolução de Abril.

13.  Se tudo isto já era suficiente para justificar a leitura desta nova vivência de O Menino Triste, Mascarenhas acrescenta-lhe mais um aspecto: a qualidade da sua narração.

14.  Em que, sem o desvirtuar, adequa o seu grafismo – geralmente limpo e claro, aqui mais duro, sujo e pesado – a linguagem utilizada (bem próxima do vernáculo que o punk utilizou) e a própria concepção das pranchas, com vinhetas de contornos recortados, por vezes atravessadas por alfinetes ou fora da esquadria que tradicionalmente os quadradinhos seguem.

15.  Para além disso, distribui pelo relato referências, homenagens e piscares de olho, não só ao punk e aos seus símbolos exteriores mais visíveis, mas também a Portugal, a músicos portugueses e à própria banda desenhada, que justificam uma segunda leitura, mais atenta a eles do que à narrativa em si.



16.  Posto isto, se este texto fica por aqui, após a leitura (ou antes dela?) de Punk Redux, aconselho vivamente a (re)leitura da entrevista com João  Mascarenhas aqui publicada, como complemento útil – e interessante – deste - interessante - pedaço de vida que ele conta - de forma interessante.



Banda sonora aconselhada

Para acompanhar a leitura de O Menino Triste – Punk Redux (que pode ser encomendado aqui), João Mascarenhas, “sem ser exaustivo e sem qualquer ordem de preferência ou temporal”, tendo em conta as suas “preferências pessoais” e porque dão “uma visão daqueles tempos iniciais”, aconselha como banda sonora os seguintes temas:



- Anarchy in the U.K. – Sex Pistols

- God Save the Queen – Sex Pistols

- Should I stay or should I go – Clash

- Bored Teenagers – The Adverts

- How much longer – Alternative TV

- Pay to Cum – Bad Brains

- Boredom – Buzzcocks

- Forces of Victory – Linton Kwesi Johnson

- Hong Kong Garden – Siouxsie and the Banshees

- Denis – Blondie

- New rose – The Damned

- Do anything you wanna do – Eddy and the Hot Rods

- If the kids are united – Sham 69

- Blitzkrieg Bop – The Ramones

- Don’t worry about the government – Talking Heads
 




1.

09/11/14

O Menino Triste D'Après... Penim Loureiro - 21

Mais um trabalho da série "D'Après...".
Desta vez com a cumplicidade de Penim Loureiro, autor do livro "Cidade Suspensa".

02/11/14

Gastronomia















Agora que parece que toda a gente "acordou" para a gastronomia e culinária um pouco por todo o mundo ocidental, recupero do livro "A Essência", uma receita que O Menino Triste faz para um jantar com os seus amigos, e que está referenciada na página 17 do álbum "A Essência".
Trata-se de uma receita que tinha inventado há já algum tempo, e que me lembrei de referir no decorrer da história. Pelos vistos abriu a curiosidade e o apetite a alguns. Para os que não tiveram acesso a uma cópia impressa da receita que acabei por distribuir no FIBDA, há uns anos atrás, aqui deixo a dita, e quem não tiver uma cataplana, pode sempre utilizar um tacho como recurso:
Cataplana de Frango com Castanhas e Amêijoas

Ingredientes (4 pessoas):

· 4 peitos de frango cortados em cubos grandes
· 100g bacon em pequenos cubos
· ½ kg de amêijoas (ou conquilhas)
· 400g de castanhas sem pele
· 1 cebola grande em rodelas
· Alhos esmagados (a gosto)
· 2 folhas de louro
· Azeite
· Coentros picados
· Sal (a gosto)

Aquece-se o azeite na cataplana e junta-se a cebola às rodelas. Neste refogado aloura-se o bacon, juntando-se uma folha de louro. Adicionam-se os cubos do frango e fritam-se rapidamente em lume mais vivo. Reduzindo o lume, tapa-se a cataplana e cozinha-se durante 10 minutos. Introduzem-se de seguida as castanhas e o sal. Volta-se a tapar e cozinha-se por mais cerca de 15/20 minutos. Em caso de necessidade juntar um pouco de água.

Separadamente, aquece-se azeite numa frigideira juntamente com os alhos e a outra folha de louro. Quando os alhos estiverem alourados juntam-se as amêijoas e fritam-se até abrirem. Não se devem cozinhar demasiado as amêijoas, pois podem ficar rijas e com má apresentação.

Quando o frango estiver cozinhado, juntam-se-lhe as amêijoas, os sucos e os alhos, misturando bem. Adicionar nesta altura os coentros picados e cozinhar todo o conjunto por mais 5 minutos em lume brando.

Servir quente.
Bom apetite.